ACERVO HISTÓRICO




Turma 74.2

                

O professor Rômulo Raimundo Maranhão do Valle concluiu a graduação em Engenharia Elétrica em 1974.2 e o mestrado em 1978. Ingressou no Departamento de Engenharia Elétrica em 1975 e se dedica ao ensino e pesquisa na área de eletromagnetismo e micro-ondas aplicados (antenas e propagação de OEM).

Confira o relato do Prof. Rômulo:



 

O ingresso na Escola Politécnica da UFPB

Quando fui aprovado no vestibular da Escola Politécnica da UFPB, nos idos de 1970, tinha deixado para trás o primeiro ano da Escola de Engenharia da UFPE do qual fui aluno aprovado no ano anterior. A desistência foi uma imposição conjuntural da situação política daquela época, os duros anos de enfrentamento contra a ditadura militar que infelicitou o nosso país por quase 30 anos. Aqui em Campina Grande, com um grupo de cearenses que “invadiu” um apartamento de um aluno veterano da POLI no edf. Manoel Patrício (na rua João Suassuna), enfrentei o vestibular que classificou, na primeira chamada, 12 candidatos; se não me engano, fui o décimo na lista. Eram 50 vagas, de forma que a segunda chamada terminou por preenchê-las. Fiquei entre esses 12 primeiros, alguns dos quais tornaram-se professores da UFPB nos cursos de engenharia elétrica, engenharia civil e ciências da computação. Dentre eles ainda permanece no DEE, o nosso dileto prof. José Gutembergue de Assis Lira.


Descrição da turma

A turma que iniciou o período 1970 possuía quase 50% de cearenses. Alguns outros de Pernambuco e do Rio Grande do Norte além dos da Paraíba. Muitos eram atraídos, não apenas por ser a Politécnica uma instituição muito conceituada, mas também por ser umas das poucas a ofertar a opção de eletrônica na região para o curso de Engenharia Elétrica (salvo engano, à época também a Politécnica da UPE). Guardo boas lembranças de todos. Já estava implantado o regime de créditos, uma ação do regime militar na área da educação superior, que abalava o conceito de turma de até então, que iniciava e concluía unida. Naquela época, a escolha do curso ficava para ser feita após o quarto semestre; dessa forma, muitos dos meus colegas de vestibular, derivaram para civil, mecânica e outros cursos da tecnologia. Conclui o curso em dezembro de 1974, com mais 3 colegas na opção “Eletrônica” (pela ordem na foto, sentido counterclockwise CCW, lembram, do eletromagnetismo?), Gilson da Costa Moreira, Ronaldo Correia Cananéa e Antonio Idérzio de Queiroz. 


 

A situação atual do professor e colegas:

Com relação aos colegas acima citados, o primeiro deles é funcionário público do Governo do Estado do Ceará (engenheiro chefe da TV e rádio FM da Assembléia Legislativa) e o segundo é membro do Operador Nacional do Sistema (NOS) após se aposentar como engenheiro da CHESF. Não tenho notícias do terceiro. Ao longo destes 38 anos de engenheiro eletricista, sinto-me feliz por ter escolhido a docência como alternativa de exercício da profissão. Ela nos obriga a nos manter atualizados, além do que, participar da formação de novos engenheiros sempre é extremamente gratificante (não necessariamente em termos de remuneração!).

Muitos colegas escolheram empresas estatais como a Petrobras, a CHESF, a Eletrobrás; outros enveredaram pela iniciativa privada. Outros até se envolveram em política partidária concomitantemente com a atividade profissional de engenheiro. Em 2004 fizemos aqui na UFCG a comemoração dos 30 anos de formatura. O retorno à universidade sempre é um momento nostálgico, quando então, se faz um balanço da vida, das opções tomadas. Reencontrar amigos que não se vê há décadas sempre é emocionante e reconfortante.        


Contribuição para a graduação:

O ponto mais importante é lembrar que os cinco anos de estudo são apenas preparatórios para os 35 anos, pelo menos, de profissão. Ou seja, o objetivo principal do estudo não é a nota em si, mas o aprendizado, a obtenção de conhecimento.  


Fotos da Placa:

O curso superior e a formatura são as etapas finais de nossa dependência em relação aos pais (pelo menos na maior parte dos casos). Então deve-se encarar o estudo da graduação como o início do exercício profissional, sua fase de formação; por ele é válido todo o sacrifício. Nele são adquiridos conhecimentos que serão necessários e que serão cobrados mais adiante. A dedicação é elemento indispensável para o êxito. Neste contexto, algumas lembranças devem ser feitas:

1- Estamos usufruindo do ensino superior público. A população, que em sua maior parte, dela está excluída, é quem está nos financiando. Devemos ser-lhe gratos usando os conhecimentos adquiridos para melhor servi-la, com justiça, dignificando o título que nos foi outorgado atuando com dignidade e honestidade.

2 – A população não tem a obrigação de entender o nosso linguajar técnico; por isso, quando de suas demandas devemos fazer-nos compreender no contexto de sua realidade.

3 – Encontraremos sempre, técnicos (nos diversos níveis de formação) com maior conhecimento científico do que nós, naquele momento; a posse do diploma não nos concede a plenitude do saber científico. Sejamos humildes para reconhecê-lo. Finalmente, quando errarmos, é de bom alvitre, reconhecer o erro e buscar corrigi-lo. Somente assim será possível o crescimento.

4 – Quando em cargos de chefia, muito cuidado com o assédio moral. Além de ser injusto do ponto de vista humanístico, é passível de punição judicial. A idéia é, portanto, usar os conhecimentos adquiridos respeitando a dignidade humana, o meio ambiente e com ética profissional. 



Por Larissa Diniz e Arthur Araújo


    


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